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O que consigo aprender com as plantinhas da minha casa...

Por toda minha vida, vi minha mãe sendo chamada de dedo verde, por conta de sua imensa afinidade com as plantas. Nossa casa vivia rodeada delas, grandes, pequenas, organizadas ou crescendo desordenadas, mais, menos, sempre envolvida, na prática e na emoção, no cuidado, na responsabilidade, na troca com outras pessoas, muitas samambaias, dentro, fora, em cima, embaixo...

A gente sempre soube que ela AMAVA plantas, não havia dúvidas.

Já eu não criei essa imagem em meus filhos. Casei cedo, morei por 20 anos num apartamento sem varanda nem jardineira, em certos períodos eu até tentava cuidar de algumas plantinhas (matei a maioria), nunca foi uma grande habilidade.

E tudo bem, cada um cada um. Tenho outras habilidades, cultivei outras memórias, tudo certo.

Nos últimos 15 anos, mudamos para uma casa espaçosa, que fomos reformando aos poucos e abrindo espaço para... plantas!

Marido tem sido mais sistemático no cuidado delas – para minha surpresa –, especialmente quando o assunto está relacionado com as regas. A impressão que tenho é que ele usa esse momento de aguar a planta pra ter um respiro no dia dele, pra dar uma reorganizada nos pensamentos, além, obviamente, do prazer do contato com água e terra.

Eu, aos poucos, tenho me aproximado delas. Trouxe algumas mudas e vasos da casa da minha mãe, considero um passeio delicioso ir até a feira de flores do Ceagesp (antigo Ceasa) que acontece toda semana aqui perto, gosto de visitar as unidades do Uemura, me perder em seus corredores, ainda que não saiba exatamente qual vaso comprar pra plantar o quê...


* * *

Daí que, uns 5 anos atrás, resolvemos fazer um buraco de 15 x 15cm no chão do lado da porta do estúdio e plantar um pezinho de maracujá doce. A planta cresceu vigorosa, nos deu uma sombra deliciosa, muitas flores lindas e cheirosas (e instagramáveis), alguns frutos docinhos, que a gente tem pena de colher e dividiu, na maioria das vezes, com os insetos e passarinhos do entorno (sim, eu tenho pena e deixo eles sugarem a fruta... rsrs). A gente sempre soube que essa planta morreria em alguns anos, e é isso que estamos observando nos últimos tempos: muitos galhos secos, as folhas já não recobrem todo o pergolado nem atingem mais o alto do telhado e, ohhhh, o caule central apresenta uma grande área murcha, mole e sem vigor, parece estar apodrecendo e definhando.

Já vaticinei que a planta 'tava morrendo, uns meses atrás (aqui). Ainda assim, recentemente ela nos presenteou com galhos verdinhos e algumas flores e, para minha surpresa, três frutas! SIM, a mamangava andou passeando por aqui, polinizou as flores e, desse processo, três maracujazinhos começaram a crescer.

Ando encantada e a todo momento converso com a planta, olho embevecida as frutas crescendo, reflito sobre a potência da vida.

Eis que ontem... o fruto mais bonitinho (sob o meu critério absolutamente pessoal do que significa "fruto bonito" – rsrsrs) apareceu estatelado no chão. Alguém deve ter passado pelos galhos pendentes de maneira descuidada e o fruto acabou se desprendendo e caindo. Ou ele caiu por causa da chuva e do vento. Ou ele caiu porque caiu... Não importa, o fato é que a fruta, que era uma promessa de maracujá doce, virou apenas uma bolinha verde no chão.

Passo os dias matutando os aprendizados que carrego com essa história: - sempre é possível abrir espaço no meio da aridez, plantar uma semente, ter paciência e cuidados e ver crescer o que você cultivou – a vida dá jeito!

- a vida tem ciclos, é importante ter consciência e saber dos limites e contornos disso

- quer a gente queira ou não, os ciclos têm começo, meio e fim

- às vezes a gente acha que a proximidade do fim já é o fim, mas o fim mesmo é só quando acaba tudo-tudo-tudo - mesmo no fim, não se apresse, é possível observar criação, poesia, esperança, vigor

- mas também não se deixe enganar, se está no fim, uma hora vai acabar sim

- aprecie e vivencie o processo todo, do começo ao fim, em cada uma de suas etapas e características, é enriquecedor – e não é de $$$ que tô falando.


* * *

É isso. Ao fim e ao cabo, viva o presente, ele é tudo (e é só) o que cada um de nós tem...

Maktub.







 
 
 

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