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Pequenos e potentes privilégios

Há 2 dias, o Brasil bateu o recorde de mortos ~confirmados oficialmente~ por Covid-19. O números de vidas perdidas foi o maior do país desde o início da pandemia no ano passado. Sei que as pessoas sensatas não escolheram passar por essa situação tristíssima, mas somos (des)governados por um excremento e vários oportunistas medíocres, então é impossível confiar que esse ano vamos dar conta de combater essa doença horrorosa com Ciência, bom senso e boas práticas. Não, não vamos. Vamos definhar muito ainda, de tristeza, de embates surreais, de desespero ao ver mortes evitáveis acontecendo, antes de conseguir ver alguma luz no fim desse túnel louco.

Sinto um ódio imenso. Ódio por pessoas terem permitido que um capitãozinho de merda tenha rodado por tanto tempo pela política brasileira falando ofensas e absurdos e poucos terem combatido com eficácia os excessos desse cretino. Ódio por pessoas terem VOTADO e ELEGIDO nesse criminoso em 2018, por ignorarem todo o discurso preconceituoso, machista, agressivo, ofensivo, em prol de uma suposta governabilidade 'de direita'... que hoje, sabemos todos, afunda o país fragorosamente.

Permeada por esse ódio todo, que me enfraquece e ao mesmo tempo fortalece minha cascadura, me sinto privilegiada pelas pequenas alegrias que permeiam minha vida.


Essa foto é da parede da minha garagem, na entrada lateral da casa. Nesse buraco, resto de um cano de alguma reforma que a antiga proprietária fez, um casal de andorinha fez seu NINHO e todo ano eles voltam pra cá, no começo do verão. Ouvir/ver os novos passarinhos sendo criados amorosamente por seus pais, independente de covid, renova minha esperança na vida!

 

Hoje, depois de muito postergar, fui almoçar com algumas amigas da Matrice. Somos um grupo de mulheres que se encontrou e se uniu com um propósito muito lindo, apoiar o aleitamento. Nos conhecemos há muitos anos, algumas há mais de uma década já. Fomos num restaurante aberto, arejado, não nos beijamos nem abraçamos, mas nos vimos olho-no-olho, conversamos sobre nossos desafios pessoais, rimos, quase choramos, nos renovamos e isso foi essencial!

 

Nessa semana, fui ao mercado com o marido, uma das poucas saídas que me permito nesse isolamento auto-imposto, mas estava me sentindo muito oprimida nos corredores e fui dar uma volta sozinha no shopping, enquanto ele finalizava a compra. Estava desatenta, acelerada, desconcentrada, olhar vitrine não estava me ajudando também. Mesmo assim, fiquei com pena do mocinho na entrada da loja de departamento, em pé ao lado da 'máquina de satisfação', e resolvi colaborar, apertando 'muito contente' no botão verde. Ele sorriu, agradeceu e devolveu a gentileza, elogiou o colarzinho xinfrim que eu estava usando. Fui às lágrimas: o colar era da minha mãe! Antes eu não ligava, mas hoje uso esse tipo de objeto com muita segurança: peças com história são poderosas e mais importantes que peças que apenas custam dinheiros, né?!

 

Fevereiro acabando, março começando, muitas coisas estão mais em ordem na minha vida, acho que estou voltando a me reequilibrar no meio desse caos todo. Contrariando a lógica externa, sinto vontade de ainda desejar Feliz Ano Novo. Louco, né?...


 
 
 

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©2023 por Timo/Uniqua.

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