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Junho de 2023

Atualizado: 8 de jul. de 2023

Ô mês cheio de coisa.


No país, um frisson, muito se falou dos 10 anos dos movimentos de Junho de 2013, quando um número muito grande de pessoas saiu às ruas protestando; começou com uma insatisfação com o aumento de tarifa de passagem de ônibus, mas rapidamente escalou para mobilizações gigantescas, potencializadas pelas redes sociais. Lembro de assistir meio incrédula pela internet, com certa excitação, uma curiosidade, mas também um incômodo sem saber de onde vinha. Feeling é uma coisa louca, né? Porque de uma insatisfação generalizada a coisa cresceu e foi intensamente mobilizada por forças [de extrema-direita] hábeis nas redes sociais, influenciando a população e, muitas vezes, enganando uma quantidade imensa de pessoas. Quem surfou direitinho mesmo foi o tal grupo da extrema-direita, resultando na eleição do #inelegível, o cretino que desgovernou o país entre 2019 e 2022.


No campo pessoal, no começo do mês completou-se 3 anos do falecimento dos meus pais. Já falei disso aqui, entre tantos locais que eu escrevo. Claro que o passar do tempo faz o luto amenizar, é natural e esperado. Mas ainda me sinto incomodada. Não, na verdade, me sinto calada, desvalorizada/desprestigiada nas minhas demandas, nas minhas necessidades relacionadas com esse momento tão fundante na minha vida. A não-reação das pessoas próximas de mim me magoou de um jeito que não vai ter conserto, hoje sei. Não tem conserto por que realmente não há VONTADE [ou capacidade, no caso é a mesma coisa] de conserto, de melhoria, de presença, de acolhimento, de visibilidade. Maktub. Eu que lute e defina, de modo amadurecido, o que vou fazer, a partir desse "abandono" que sinto.


No trabalho, muito desafio e algumas decisões tomadas. Mudar, especialmente se relacionado com pessoas do meu entorno, é difícil e custoso para mim, mas chegamos num ponto que não mudar ia ser ainda pior. Os dias têm sido complexos e truncados, ainda assim. Como tô mais escolada [ou cética], sei que não vai me "quebrar"; mas o processo tem sido bem duro. E não, a cabeça não desliga, o corpo não descansa.


Em termos de estudo, com uma profunda tristeza, abri mão de pleitear uma bolsa-sanduíche, pela segunda vez – e não terei nova oportunidade, não nesse curso. Minhas chances de viajar eram reais, bem reais. E eu acovardei. Ou não, fui prudente. Ou não, fui realista. Não sei ao certo. Mas me entristece me ver nesse lugar, a esse ponto da minha vida. E sozinha, eu lamento isso sozinha.


No campo das relações de amizades, percebo um movimento de distanciamento e mudança de algumas pessoas que eu achei que estavam muito mais próximas. Num primeiro momento isso me trouxe surpresa e tristeza, mas agora percebo que tudo está acontecendo como deve ser. A vida é assim, né? E pode ser que eu também estivesse resistente a mais mudança, mas é tolice a minha. A vida é assim mesmo, as mudanças acontecem, quer a gente queira quer não. Daí, conversando/desabafando no zap, recebi algumas observações muito bonitas de uma amiga querida que me conhece há quase duas décadas, a respeito de um momento da minha[nossa] vida, que realmente fizeram diferença. Tudo que ela escreveu fez sentido e me fez bem, junto-e-misturado, e replico aqui um trechinho, pra honrar e [me] lembrar que eu sou[somos] importante[s] SIM:


Por outro lado, entendo que as coisas mudaram. E você vem usando todo seu jogo de cintura e capacidade profissional mesmo pra se reinventar, sou sua admiradora, sua fã. Adoro ver a editora, o mães na livraria e sua carreira mesmo como designer ,a pós graduação, os filhos crescidos, e agora a neta... tudo porque você fez acontecer. Ana B, que mulher incrível!

No campo da casa [rsrs], finalmente resolvemos retirar da terra o tronco seco do pé de maracujá, que estava definhando há meses. Aqui no blog já falei dessa árvore maravilhosa na entrada do meu estúdio, das flores lindas e do cheiro delicioso e do fruto docinho, dos galhos fazendo uma sombra fresquinha, subindo pelo pergolado e pelo telhado, das muitas reflexões que ele me trouxe [leia um textim aqui]. Curiosamente, a última imagem que fiz dessa árvore foi um desenho. No meio do mês-caos frequentei um curso de desenho [cujo nome é "Desenhar para pensar com o mundo"], pra ver se eu acrescentava uma camada a mais na minha vida-caos, uma camada diferente da minha rotina-caos. Segundo uma amiga, passo[passamos] vergonha com meu (nosso) desenho nível ensino primário, mas foi bacana frequentar os encontros e rever meu traço, me instigar a desenhar e a interpretar o mundo de maneira um pouco diferente do meu cotidiano. Então, como dizia, a última imagem da nossa árvore foi um desenho, não uma foto. Mundo louco! ;-)


No universo da vida acadêmica, tô atrasadíssima com tudo. Mas o tal curso de desenho acabou em um... fanzine coletivo [que, aliás, é a imagem desse post]! O que me leva à conclusão que FANZINE é a resposta pra muita coisa. E que finalizar minha pesquisa vai me tirar o couro, sei disso, mas tô em paz, porque é o que quero fazer/estudar/pesquisar/contribuir. Só preciso acelerar as coisas, administrar melhor os prazos, trabalhar com assertividade, sei disso também.


Enfim.

É isso.

Tem mais?

Sim, tem.

Muito mais.

Mas paciência, não vou compactuar com essa urgência que acomete a gente, de ter que dar conta de um caminhão de coisas.

Tem mais, mas hoje vou parar por aqui.



Tem desenho [de nível primário] meu nessa imagem, advinha qual é?

 
 
 

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