2023 - o que quero lembrar e o que quero esquecer

Pensei em fazer uma listinha aqui das coisas que quero lembrar e as que quero esquecer desse ano-cão.

A começar por esse nome, "ano-cão", quero lembrar ou quero esquecer? O ano foi ruim, mas não foi avassalador. Foi ruim, mas tenho saúde, e todos os meus afetos estão bem (e vida/saúde é um valor muito importante pra mim). Foi ruim, mas tem a Milou, que é uma doguinha adorável, e eu aprecio a simplicidade (e potência) disso na minha vida, por isso acho que não acho justo chamar de "ano-cão". Foi ruim, mas tem a promessa de aprendizado – porque não é possível ter sido tão ruim e eu não aprender nada com os perrengues, meodeosdoceu...

Às vezes penso, tô num ano-setênio, será que é por isso que tem tanta coisa acontecendo? Li na internet que "o fim do 8º setênio marca uma passagem para a aceitação de outro patamar da maturidade, que pode ser ainda mais rico. Vivencia-se também uma crise voltada ao cumprimento da jornada através do questionamento interno: eu estou cumprindo minha missão?”... Essa é uma pergunta interessante, sinto mesmo uma certa urgência...

A internet me deu outra boa pergunta: Quais galhos secos de minha árvore preciso cortar para que novos brotos possam surgir?

Quando eu quiser pensar no próximo setênio, pode ser uma boa começar por aqui e aqui.

Às vezes penso, pra quê pensar taaanto assim? Outro dia tava caminhando e pensei o que será que as pessoas que não pensam pensam? Gente, deve ser tãooooo mais fácil não pensar tanto...

Foi mesmo um ano desafiador. Muitas coisas estão findando, relações, processos, projetos, e ainda tem os problemas que eu (provavelmente e inadvertidamente e talvez até ingenuamente) não cuidei bem que se aproximaram de modo perigoso e definitivo e agora me cobram solução urgente. Solução, aliás, que eu não tenho como dar.

O curioso é que eu sinto, hoje, uma certa letargia ou frieza ao olhar pra tudo, como se soubesse que isso não vai me derrubar.

Sinto também tristeza – ou seria resignação? Maktub. Amadurecer me traz isso, uma certa confiança de que as coisas são como devem ser, estão onde devem estar, por mais complexo que possa parecer (e é).

Pode ser também que seja um pouco de solitude, ou talvez a solitude se aproximando... Com cada vez mais frequência, tem vindo uma sensação de que devo jogar a toalha e deixar as coisas correrem soltas, com cada uma das pessoas ao meu redor fazendo como elas quiserem, que se f*da, que não sou mais responsável por uma união e um modo de conviver que (parece) só é um valor para mim – e não para elas.

No meio da sensação toda de insuficiência, tem felicidade também. O livro de relatos da Matrice é uma doce conquista, um marco material do que foi meu ativismo nos últimos 18 anos. Ter conseguido lançar o pdf digital agora em dezembro me encheu de orgulho, apesar de tanta resistência e pouco caso... Receber o retorno das pessoas me preenche, sim, que bom que existe esse reconhecimento! Quando me sentir fragilizada, talvez seja uma boa ideia vir reler o que as pessoas disseram a respeito do grupo e do nosso trabalho voluntário!

Relações interpessoais foram tiro, porrada e bomba. Não acho que vai sobrar pedra sobre pedra. Pois é, mas isso não diz respeito apenas a mim, não é mesmo? Todo mundo faz escolhas. Quais são as escolhas que ME contemplam?

Escrita e leitura aconteceram muito menos do que (sempre) desejei. 2024 é essencial mudar isso. ESSENCIAL.

Terapia. Parei. Fez falta, faz falta. Autoconhecimento. Autocuidado. Amor-próprio.

Hierarquias, pensar nelas, agir, priorizar, fazer minhas escolhas, respeitar-se.

Que venha o Ano Novo. Como todo respeito, Universo, se cheguei até aqui, é por que posso continuar em frente, mas quero tudo mais e melhor, viu – e vou buscar isso!

[acresc.]

Quero olhar e registrar as conquistas desse ano:

• filha concluiu bem o primeiro ano na faculdade, foi um período tranquilo e produtivo, dentro das nossas possibilidades

• os outros estão bem, tocando a vida deles com autonomia e conquistas, isso me enche de orgulho

• meu tratamento dentário se encerrou e fiquei beeeem feliz

• me reaproximei de uma amiga querida e trocamos reflexões de maneira amadurecida, isso me ajuda a seguir em frente

• uma amiga querida se afastou de mim; ainda que tenha sido muito doloroso, maktub, a vida é essa gangorra maluca mesmo, mas é possível seguir em frente

• ahh, a maturidade: máscaras continuam caindo, e por mais desafiador que seja, gosto que seja assim